sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Gats.


Gats, o Lucas, é o meu melhor amigo virtual de todos os tempos! :)

Me permitam ser um pouco brega, mas adoro ele mesmo, de verdade, de coração. Infelizmente só nos encontramos pessoalmente uma vez, numa viagem maluca para Floripa, com direito a cena de cinema e tudo: euzinha rolando escada abaixo, numa bar do centro, e torcendo o tornozelo em pleno verão! Um pecado. Bom, Gats quer ser escritor, e tem muito talento pra coisa - amiga coruja. Gats quis mudar de vida e foi morar na Argentina e depois em São Paulo - massa! Gats está no caminho certo, mas todos sabem que o caminho certo nem sempre é fácil. Ele tem um blog de contos - mesas e cadeiras - e escreve tudo em minúsculas. Ah, como a amizade é virtual, a entrevista foi via email, obviamente. Reiniciando o Todos Dizem Xis, lá vai:



Iara - A solidão te incomoda?


Lucas - acho que tanto incomoda quanto auxilia. no fim das contas, creio que a gente precise de equilíbrio -- uma dose igual de isolamento e sociabilidade --, só que esse equilíbrio a gente só consegue atingir depois que se conhece de uma forma mais definitiva, e se conhecer de forma definitiva exige muita conversa consigo mesmo, muita paciência e perseverança, e acima de tudo, muita paixão, aquela coisa de se ter tesão de viver e ser quem você é. é a velha máxima de se amar para poder amar e ser amado pelos outros.


bem, a solidão da cidade grande a qual tô sendo exposto agora tá me ajudando: tô passando muito mais tempo comigo mesmo, me dedicando as minhas causas, a me descobrir, a investir nos meus talentos e a desenvolver novas aptidões -- resumidamente, a saber de verdade quem eu sou pra poder sê-lo de forma transparente com as pessoas que amo e, principalmente, comigo mesmo. isso tá sendo vital, e tô me sentindo muito feliz por estar conseguindo traçar esse caminho de forma tão vivaz.


por outro lado, à medida que a gente vai se percebendo vem à tona aquela característica básica dos seres humanos: somos inerentemente sociais, não existimos exatamente enquanto elementos isolados nesse mar de gente que habita o planeta. então eu vou me bastando comigo mesmo, e nesse processo vou percebendo que preciso buscar outras paragens. é a segunda parte, buscar o tal equilíbrio de forças. eu quero muito encontrar gente com quem compartilhar coisas por aqui, conversar, sair por aí. ninguém é sozinho com aquele bom grado otimista, e agora tô saindo do casulo. aí a solidão atrapalha, e é difícil conhecer gente, e morar numa pensão e não ter exatamente um "lar" não ajuda muito no processo. não vou dizer que tá sendo fácil, mas sei que pouco a pouco as coisas vão se ajeitando nesse aspecto -- hoje mesmo fui visitar um amigo e passei a tarde conversando, jogando videogame e vendo futebol, hahaha.


Iara - A Copa foi decente?


Lucas - até que sim, eu me diverti vendo alguns jogos horrendos e fiquei feliz pela holanda na final, apesar de ter jogado aquém do que eu imaginava que poderia. gosto muito da espanha também. decente, mas nada sobrenatural.



Iara - Tá com medo de 2012?


Lucas - tô não, tô encarando naquela máxima de "o que tiver de ser, será", aproveitando pra compensar agora o tempo perdido antes, e fazendo minha parte pra não acelerar ainda mais o fim do mundo.



Iara - São Paulo: caos com oportunidades. Vale a pena?


Lucas - vale. bem, eu fiquei 1 ano em floripa buscando, sem sucesso, emprego na minha área. em sampa, 2 meses e cá estou eu numa empresa de legendagem de filmes. claro que a cidade não é uma santa milagreira, mas é inegável que oferece a maior gama de chances -- sem contar que é um laboratório que te capacita pra enfrentar qualquer outro lugar do planeta, praticamente. agora, que é caótica, é sim. a cidade não para nunca, todo mundo vive andando a mil, e é lógico que você entra no esquema, sem perceber. eu tinha a alma meio interiorana quando cheguei, aquela coisa dispersa e tranquila, e volta e meia hoje eu me percebo caminhando bem mais rápido que o habitual ou comendo quase sem mastigar pra ter tempo de pegar o metrô pro trampo. o clima de urgência te contamina fácil, e às vezes é tarefa árdua manter o controle.


o legal é que esse caos com oportunidade também se aplica a tudo aquilo que não tem a ver necessariamente com o profissional. tem tanta coisa pra se fazer a preços tão variados (inclusive a não-preços, haha) que você corre o risco de acabar fazendo nada por conta da dúvida. confesso que ainda preciso aproveitar mais a cidade, mas é impressionante como é impossível ficar parado por alguma justificativa que não seja pessoal -- por mais afastado que seja seu bairro, sempre tem alguma coisinha rolando por perto.



Iara - Já sabe em quem votar na eleições presidenciais?


Lucas - sei não, aliás, até acho que vou justificar, porque meu título ainda é de santa catarina. mas tô começando a me inteirar, só sei que no serra eu não voto.



Iara - Uma rapidinha (lá ele): 4 bandas inesquecíveis:


Lucas - Radiohead, The National, Legião Urbana e The Beatles.



Iara - Ok, última: literatura de banheiro, de cabeceira, ou de busú?


Lucas - de cabeceira, principalmente -- principalmente literatura fantástica. quase não leio revista, e adoro livros longos e que demandam certo esforço. mas no ônibus eu acabo ficando enjoado, além de preferir ver as paisagens e ouvir música e dar uma viajada na maionese, uhu!


Iara - Valeu Gats!


obs: fotos da viagem à Floripa - Dez/2007.



domingo, 25 de julho de 2010

Olá

Blog também é de lua, o pessoal que escreve nele então, nem se fala! E entrevistar dá uma trabalheira danada, ainda mais com esse cotidiano corrido e apertado, às vezes é só mais uma desculpa para encontros, conversas, apurar opiniões e compartilhar aqui. Enfim, enquanto novas entrevistas estão sendo gestadas, ressuscitei um antigo blog - É tanta coisa.. (aperte aqui para acessar) - estarei lá e cá. Mais uma opção, para os saudosos. Beijos.


Até Breve.

iara

domingo, 21 de março de 2010

Paul

Se eu tivesse que definir Gabriella para mim em uma única palavra seria "companheira". Justamente por isso foi um pouco difícil elaborar perguntas pra ela. É difícil perguntar algo pra alguém que muitas respostas você já sabe. (ou pensa que sabe.) Procurei iniciar com assuntos que realmente jamais soube, como no que ela pensa antes de dormir ou no que a faz lembrar de coisas.


Paul, como a chamo, é uma criatura jovem, porém bastante sensata. Fico sempre chocado com o fato dela ser da década de noventa... (enfim essa década deixou algo de bom, não é?) Também é uma menina viajada, do tipo que nasceu no sertão de Jacob city (também conhecida por Jacobina) e venceu as barreiras da Sulamérica e Europa. Temos muitos gostos em comum, inclusive algumas frutas.


Levei-a ao MAM sob pretexto de comunicar algo muito importante, o que a deixou tensa e curiosa. E aí comecei de repente a entrevista.


Finalmente, se eu tivesse que apagar tudo que disse antes e pudesse dizer ou desejar apenas uma coisa, diria ou desejaria, sem dúvida, que ela jamais pense em mim antes de dormir.



Gabriella - Beto, o que é isso? (...) Ah! Você vai fazer entrevista é? Que tenso... (...) Você já tá gravando? Não, né? Não vou nem falar "que indigno" porque cê vai colocar lá... (risos)


Beto – (Pergunta do último entrevistado) É melhor decretar a pena de morte no Brasil ou baixar a maioridade penal?

Gabriella - Acho que nenhum dos dois é melhor.


Beto -- Então qual o menos pior?

Gabriella -- O menos pior é diminuir a maioridade penal. Mas não concordo com nenhum dos dois, na verdade.


Beto -- Por que?

Gabriella -- Porque nenhum dos dois vai resolver o problema de violência do Brasil. No final das contas vai continuar tudo igual. Pra mudar alguma coisa só fazendo uma reforma política em coisas que vem da base: educação, alimentação, moradia, coisas do tipo, e que não acontecem no Brasil, no caso. Pena de morte ou diminuir a maioridade penal só resolveriam problemas pontuais.


Beto -- Em que você costuma pensar no momento antes de ir dormir?

Gabriella -- Depende muito do dia... Geralmente eu vou deitar e fico pensando em pessoas que passaram pela minha vida e que não ficaram muito tempo, do jeito que eu queria que ficasse. Pessoas cuja existência em minha vida foi muito efêmera. Não porque elas tenham morrido ou coisa do tipo, mas porque elas ficaram muito tempo presentes de uma forma intensa, tipo eu e você. Como se uma coisa que pudesse florescer mais tivesse se esvaído e eu penso muito nisso porque aconteceu já com várias pessoas. Penso muito nisso antes de dormir. Penso também no meu futuro... no dia de manhã... no meu tédio...


Beto -- Qual canção faz você lembrar coisas?

Gabriella -- É a única que vem no momento porque vi num filme no cinema recentemente... É Wouldn't it Be Nice do Beach Boys. É a única que vem no momento porque foi a última que vi e me lembrou coisas. Obviamente tem outras mas não tou conseguindo me lembrar agora.


Beto – O que ela te lembra?

Gabriella - Fez lembrar Taís.


Beto – Próxima pergunta: menino ou menina?

Gabriella – Minha avó não vai poder ler, né? (risos) Menina.


Beto – É mesmo? Esperava uma resposta diferente...

Gabriella – Esperava tipo, "os dois".


Beto – Tarantino, Scorsese ou Allen?

Gabriella – Tarantino. Pra falar a verdade, não conheço os três direito profundamente. Vi poucos filmes dos três, por incrível que pareça. Mas o que eu tenho visto de Tarantino ultimamente tem me deixado muito feliz e extasiada. É isso, velho. O cara é foda. Ele conseguiu despertar coisas em mim que é o tipo de coisa que busco quando estou vendo um filme.


Beto - O que há de melhor na juventude?

Gabriella – Poder fazer as coisas sem pensar muito nas consequências depois. Brincadeira. (risos) Porque sempre penso nas consequências do que vou fazer. O que há de melhor na juventude... acho que os jovens. São os jovens, se é que você me entende. (pausa de cinco segundos.) Eu respondi essa pergunta...


Beto – (risos) E o que há de pior?

Gabriella – Acho que é a ansiedade. E isso não é uma coisa só minha. Acredito que não, porque em conversas que tenho com amigos tem parecido uma coisa muito comum entre todos.


Beto – Que tipo de ansiedade?

Gabriella -- Essa de querer saber o que vem depois, querer que as coisas aconteçam muito rápido, achar que sua vida está estagnada e que você não está se movimentando muito, e você fica sempre esperando por alguma coisa que seja intensa, que te coloque pra cima.


Beto – Por que?

Gabriella -- É ruim porque se perde muito tempo pensando no que vem depois ao invés de estar pensando no agora e vivendo realmente as coisas, entendeu? É algo que acho ruim em mim e que também vejo nos meus amigos. A galera discute muito sobre.


Beto – O que você trouxe do exterior?

Gabriella – Vontade de voltar, em primeiro lugar. Coisas úteis e superficiais, como roupa...


Beto – A pergunta é mais pro sentido abstrato.

Gabriella – Eu sei. Trouxe boas lembranças, saudade, muita saudade. Tem uma coisa que ninguém sabe porque eu não falo, mas todo dia que acordo sempre penso nos dois lugares que já fui do exterior: Argentina e Portugal. E fico tentando ao máximo possível, em pequenas coisas, aproximar momentos do meu dia a esses lugares, entendeu?


Beto – Como?

Gabriella -- Uma vez falei pra Thaís que comer pão de fôrma integral com geleia me fazia lembrar a Argentina. Porque quando eu tava lá, meu café da manhã todos os dias era esse. E que toda vez que eu acordava de manhã e comia isso eu sentia uma coisinha no coração, sabe? Porque eu me sentia muito próxima daquilo. Era um momento do meu dia que eu estava meio entregue ao momento, sabe? E isso acontece até hoje com frequência. As vezes tou no ônibus também sentada na janela, fico olhando pra fora e tento imaginar as docas de Portugal que quando passava de carro eu via e achava uma coisa muito linda. E eu consigo imaginar. Eu tenho muita vontade de voltar nesse lugar.


Beto – Nas docas de qual cidade?

Gabriella – É tudo muito perto lá em Portugal. Não tenho certeza mas acho que era Lisboa. As províncias se confundem, não tenho certeza.


Beto – A pergunta pro próximo entrevistado.

Gabriella – Pô, já rolou essa. É meio clichê... O que você faria se o mundo acabasse amanhã? Já rolou essa, né?

BetoJá rolou.


Gabriella – É uma boa pergunta, sabia? Ok, vou fazer outra. O que você faria se acordasse um dia e descobriu que ganhou na loto? Pronto, já rolou essa também? (risos) Bota essa aí, Beto.

Beto – (risos) Que eu saiba não.


GabriellaNão vai rolar rapidinhas não? (risos)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Assim é: Bruna Câncio

Nossa próxima entrevistada é uma amiga “das antigas”. Acho que nos conhecemos via internet: eu querendo montar uma banda, e ela querendo tocar guitarra. Aí nos encontramos ao vivo na Escola de Música da UFBA, ela toda pequena, com a farda do colégio e um violão na mão, morrendo de vergonha, cantando pra dentro... Uma onda (risos). Montamos repertório, fizemos e refizemos bandas, até a clássica Manga Rosa, com um curto tempo de vida, porém muito intenso. Bom, continuamos nos apoiando, principalmente nas canções próprias e nas ideias loucas de fazer e gravar música. Tudo muito bom, apesar da enrolação natural que acometem os nascidos na Bahia (é fato!). Enquanto Bruna selecionava os textos da faculdade que ficariam e os que iriam para o lixo, comecei a entrevista:


Iara - Estou hoje aqui na casa de Bruna Câncio, no Canela, com uma vista maravilhosa, que nunca mais tinha visto. Me deu saudade de morar neste bairro. Bom, indo direto ao assunto, vou começar com a pergunta que a última entrevistada deixou: 2014 ou 2016?

Bruna – 2014. Eu amo a Copa, e nunca soube muita coisa sobre as Olimpíadas, e Copa pelo menos a gente ganha né? Acho mais legal (risos). É como ser São Paulino, eu odeio esse time, mas deve ser legal ser campeão 3 vezes seguidas, deve dar mais vontade de torcer. E tipo, eu sou palmeirense, e tô muito puta com essa história de perder. Então 2014 é mais legal. A não ser que o César Cielo fique com um pé maior do que o do Phelps (risos).

Iara – Bruna, o verão na Bahia é...

Bruna - Muito bom. É a época mais interessante da cidade e é a melhor época do ano pra mim porque a cidade anima, não chove tanto, e infelizmente eu ainda gosto do Carnaval, mesmo com os camarotes e tal, eu me divirto. Sei lá, Salvador fica mais a cara de Salvador no verão, porque rola tanto engarrafamento que a gente fica louco pra ver o povo na praia. E o congestionamento ser na areia pra achar um lugar e não no trânsito... Pô, o verão faz a gente ir para Barra, para Stella e ficar lá o dia inteiro, e quando volta o trânsito está mais livre, o vento batendo... Poxa, o verão é muito bom!

Iara – Agora uma pergunta séria: o que você achou de Copenhagen?

Bruna – Eu vi hoje as notícias, bem rápido. Eu vi que foi frustrante, mas eu também não estava esperando muita coisa não. Eu acho que eles fazem muita mídia em cima, mas político é tudo igual né, mesmo sendo estrangeiros eles continuam com um discurso muito bonito e nunca chegam a lugar nenhum. Poucos fazem, na verdade. É, eu não esperava muita coisa e é bizarro criar todo esse clima de frustração porque é como se todos fingissem acreditar que chegariam a algum tipo de solução com uma reunião dessas. Eu acho que Obama está tendo alguns posicionamentos muito melhores daqueles que a gente estava acostumado a ver em um presidente dos Estados Unidos. E Lula, apesar de tudo, alcançou grande parte das expectativas com relação a ele, frustrou algumas, mas não todas. A ponto de que, se eu tivesse que votar em alguém para presidente do Brasil seria ele novamente. Ele ficou na minha cabeça como “O Presidente do Brasil”. Eu não imagino Dilma sendo a presidente, nem ninguém mais. Enfim, o evento é importante que se faça, mas todo mundo continua sendo político, e quando se reúnem não chegam a lugar algum.

Iara – As rapidinhas: uma música linda.

Bruna – Thank you, de Dido. Porque eu li a letra hoje e achei linda.

Iara – Uma sobremesa ruim.

Bruna – Manjar branco. Minha mãe sempre faz quando quer economizar, e coloca tanto leite de coco... Detesto.

Iara – O que vai mudar em 2010?

Bruna – Rapaz, eu sei que eu vou mudar. Todo mundo vai, na verdade.

Iara – Momento bom de lembrar.

Bruna – A gente no palco, na apresentação da Manga Rosa, no Marista, quando a gente ganhou o festival, lembra? Foi bom demais ganhar.

Iara – Foi massa! A última e clássica pergunta para o próximo entrevistado.

Bruna – Caramba... É melhor decretar pena de morte no Brasil, ou baixar a menoridade penal?

Iara – Valeu Bruna. ;)