quinta-feira, 7 de maio de 2009

Cinema na chuva


Ramon: uma eterna criança de 24 anos, esquisita a ponto de comer siriguela com sal, mas que "dizem" escrever boas críticas de filmes, e que, assim como eu, também se apaixonou pela história. Como coleguinhas da sala de arte, não poderíamos ter "escolhido" outro local para a entrevista, que contou com as testemunhas/ coleguinhas Alê e Leo. Empada, café, após a sessão de "Vocês, os vivos", Leo coloca o gravador na tomada e... Gravando!


Iara - Ramon, fale um pouco sobre você.

Ramon – Hum... Ai, é difícil falar de mim, porque eu acredito que tenham vários adjetivos que eu ainda não sei ao meu respeito (risos), estou descobrindo. Inclusive quando alguém quer fazer uma entrevista comigo, isso já é um adjetivo, que dá algum tipo de importância, e isso é bonito.

Iara - Não necessariamente, o blog é sobre pessoas comuns (risos).

Ramon - Porém pessoas comuns, à primeira vista, podem ser extraordinárias, à segunda vista, né?

Iara – É... Três coisas que você gosta muito no mundo.

Ramon - Nossa... Dar risada... Cinema, música... Sei lá, tanta coisa... Momentos banais, conversas na madrugada, acordar e ficar na cama mais um pouco (risos). É, tá ótimo. Acho que dá pra ser feliz com isso.

Iara - Um medo.

Ramon - Vários... Medo de encarar, não o medo da morte, mas medo de ter que encarar a morte. Ter que vê-la chegando, e de como as pessoas vão ficar depois que eu for... É, medo de encarar a morte.

Iara - Qual é a melhor droga de todas?

Ramon - A melhor droga? Acho que o sexo é a melhor droga.

Iara - Você acha o sexo uma droga?!

Ramon - A MELHOR droga. Você entendeu, não venha com essa não, porque você entendeu... E você tá provocando mais que o Jô.

Iara - Ok, para Ramon o sexo é uma droga (risos). Bom, continuando, você já foi em Cajazeiras 11?

Ramon – Não, eu já fui em Mata Escura, e alí eu entendi o que Milton Santos queria dizer quando ele fala que as cidades estão se... Isso que a gente tava falando antes, que as pessoas não conseguem se locomover. E quando eu fui lá eu pensei que deve ser muito mais difícil sair de lá pra ir a outro lugar, ou viver simplesmente, porque são corredores estreitos... Sei lá, achei caótico. É Salvador na sua forma mais caótica, desordenada... O centro também é, mas talvez eu já esteja acostumado.

Iara - O que você acha sobre reciclar o lixo?

Ramon - O ideal, eu tento fazer isso, mas ainda estou nessa busca. Mas eu acho que não é só isso, junto com essa preocupação devem vir outras: o que você come, consome, lê, e até com quem você fala... Ser seletivo e crítico de maneira ampla mesmo.

Iara - Qual foi o melhor filme que você assistiu na sala de arte em 2008?

Ramon – É... Difícil... Acho que eu tenho que falar um bem cult né, pra parecer mais assim... (som da máquina de fazer café). Como é o nome daquele filme que o cara vai encontrar o pai, e o pai está tendo uma relação com uma prostituta? Não sei se foi o melhor, mas é um filme muito bom. Ah, aí depois o cara fica cuidando de uma livraria.. (uns 5 minutos depois) "Do outro lado"! Ufa, quase não sai.

Iara - Hum... Um livro chato.

Ramon – Tem, têm alguns... Acho que nunca terminei um livro chato mesmo, porque se passo das primeiras trinta páginas e ainda assim não empolga, acabo não terminando e consequentemente esqueço dele. Livro chato a gente esquece.

Iara - O que você acha da história atualmente?

Ramon - Você pensou nessa agora, não foi? (risos). Eu acho que a história é muito bem analisada, pensada, debatida, mas está muito restrita ao mundo da universidade. Eu acho que a história deveria está aqui, entre nós, a nossa história...

Iara - Mais ligada à prática profissional também né?

Ramon - É isso, a história está muito em palavras, precisamos da história em carne viva, porque ela era e é carne viva... Vivenciada enquanto significado, e não só como informação.

Iara - É ruim pra gente, quanto a emprego...

Ramon - É verdade, estamos nessa crise educacional em que a história é deixada de lado, né Iara? (risos) Nós precisamos dela, e a educação precisa de nós. Wagner precisa de nós na educação (risos).

Iara - A última: Uma saudade.

Ramon - Ai, eu sou péssimo com essas respostas espontâneas... A palavra fica bem séria, falar besteira é fácil né?! Hum... Ah, eu tenho saudade de subir no pé de siriguela numa roça que o meu avô tinha, com todos os meus primos, colocando sal...

Iara - Sal na siriguela? Fica bom isso?

Ramon - Devia ficar pra uma criança que gostava de subir no pé de siriguela.

(Voz de locutor de rádio)
Ramon Mota Coutinho, aqui da sala de arte direto para vocês, nesta tarde chuvosa em Salvador.

Pra ler Ramon - http://subliterato.blogspot.com/

8 comentários:

Anônimo disse...

Demorou para uma nova entrevista,né??
:)))))))))

Anônimo disse...

Ramom é figura!
Eu fui o Bira (do Jô) na entrevista. rs
Já aguardo a próxima entrevista
Leo

SONHO ESTRANHO disse...

decente, decente.

subliterato disse...

q estranho... que legal ...
kkk

SONHO ESTRANHO disse...

ah, só pra dizer. Muito boa a idéia do blog, leva pra frente.

Izabel Cruz Melo disse...

Que bonitinho... duas figuras legais, numa boa conversa!
beijos, beijos

Izabel

Bruna Cancio disse...

livro chato a gente esquece!
fato!

to lendo tudo aqui! mó legal, marotinha ;*

J. disse...

Presuntinho espanhol, você dando entrevista...que chic !
Se bem que vc já me deu uma entrevista tb...só que eu não gravei...rs.